quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Caminho da imparidade


Já me preocupei muito em sorrir, hoje não mais.
Já me desesperei muito querendo um olhar, hoje não mais..
Já fiz cartazes, canções e poemas que me fizessem sentir algo novo, hoje não mais..
Já gritei de medo tentanto alcançar algum ouvido disposto a me ouvir, hoje não mais..
Já removi saudades colando encima de outras futuras saudades, hoje não mais..
Já fui artista de pequenas novelas que minhas vidinha distribuia em traços e capítulos infiéis que nunca tinham finais felizes, hoje não mais..
Já fui herói de muitas vidas e nunca conseguir ser um mero amigo de mim mesmo, até à um minuto atrás eu tentava, hoje, agora, não mais..
Já me vi tentando forçar elos jamais existentes em meu destino, hoje não mais..
O que sinto hoje é um cansaço..
Um cansaço meigo que me leva devagar, aos poucos para um precipício amargo de gosto negro..
Sinto saudade de tantas coisas que nunca vivi..
E esse cansaço me traz a memória todo esse tempo que esperei que fez minha esperança findar..
Hoje o que tento é vagar entre a multidão..
Vagar sem ser visto..
Vagar sem precisar de requesitos..
Vagar de forma ímpar, assim ninguém sai machucado..
Assim ninguem sai marcado..
O que tento ser hoje é apenas isso..
Uma folha seca que cai lentamente até tocar o chão e se tornar MATÉRIA ORGÂNICA..
Isso tudo não se trata de exagero ou drama..
Não se trata de nenhum outro sentimento momentâneo..
Se trata de uma trégua..
Admito que perdi pra vida..
Perdi, talvez pra mim mesmo..
Mas confesso que perdi..
Resolvi não complicar mais..
Nem ser uma complicação..
Resolvi parar de sonhar, por achar a realidade mais agradável..mais útil..mais sólida..
Resolvi caminhar imparidade..
Decidi ornamentar meu dia com o vazio que não deixa de ser meu amigo..
Decidi mergulhar no mar da imparidade..
Sem buscar nada e sem querer nadar à procura de fôlego..
Apenas certo que a "folha" chegará no chão e então ouvirei vozes ecoando sobre uma visão acinzentada..


sergio'marthin..

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